ESTUDO TCC - GRADE BRUTA
PROPOSTA INTERATIVA - TEMÁTICA - ORGANIZACIONAL
VIRNA GENOVESE REGO BUZELIN
Definição do tema
Título
Resumo
Palavras-Chave
Abstract
Keywords
1-Introdução
2-Referencial Teórico
2.1 O que é .....
2.2 Como pode ser aplicado(a)
2.3 ....
2.4 ....
3- Metodologia
4- Análise
5-Considerações Finais
6- Referências Bibliográficas
TÍTULO:
"ANÁLISE DE RISCO NA APLICAÇÃO DOS
FUNDAMENTOS DO DESIGN INDUSTRIAL NA INDÚSTRIA PESADA DE TRANSFORMAÇÃO - ESTUDO
DE CASO - ATIVOS FERROVIÁRIOS DA RUMO LOGÍSTICA S.A. - 2010"
Virna
Genovese Rego Buzelin
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU DA ESCOLA
NEWTON PAIVA DE ADMINISTRAÇÃO
Gerenciamento de Projeto - Ciclo 2019 / 2020
Coordenação / Orientação:
Professora Nívia Lopes dos Santos - Pós
Graduação em Gerenciamento de Projeto - Newton Paiva
Belo Horizonte, MG.
Dedicatória (.....?.....)
RESUMO:
PALAVRAS-CHAVE:
Design - Risco - Gerenciamento - Processos -
Ativos - Produção
ABSTRACT / KEYWORDS
Design
- Risk - Management - Process - Production -
INTRODUÇÃO
O design industrial como modalidade profissional a partir
da estrutura de ensino por ementa superior tem seus primeiros movimentos no
Brasil a partir da década de 60, nascendo efetivamente através da fundação da
Escola Superior de Desenho Industrial - ESDI no estado da Guanabara, na cidade
do Rio de Janeiro, na gestão estadual do então governador Carlos Lacerda (in
memoriam).
Conquanto como
curso e atividade seja o design filho dos processos de evolução da então era da Revolução Industrial europeia no
século XXVIII e XIX, foi a partir do século XX que passou a ser sistematizado
no contexto de produção industrial direta, conforme observa o professor Rafael
Cardoso em seu livro "Uma Introdução à História do Design" ( Ed. Blucher
- 2010), além de induzir soluções que
buscavam a racionalização entre os processos de produção e o
desenvolvimento de produtos, tendo nos
elementos da percepção e do processo criativo a chave para atender demandas,
fossem elas de origem ou de inovação.
Com um espectro
de cognição e interação quase ilimitados, os processos de design passaram a
intermediar soluções associadas com a técnica e a tecnologia construtiva de bens de produção, trazendo com
maior aproximação elementos de reconhecimento de valor e de usabilidade,
resultando em diversos cases de sucesso sobre elementos de produção e consumo e
que traduzidos pelo Design Industrial se tornaram ícones de alcance tanto
cultural quanto econômico.
No Brasil o
ensino de Design se expande entre os principais centros de instrução
universitária no país, sobretudo na década de 70, tendo em Minas Gerais a sua
primeira escola de Design Industrial mantida originalmente pela extinta
Fundação Mineira de Arte - FUMA, porquanto transformada e incorporada na estrutura
da UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG, fundada em 1989. Passa a
fazer parte do Campi, a Escola de Design, a partir de 1997. Na ocasião de
formação da escola em Mina Gerais, os interesses se voltavam a dar suporte à
então fábrica da FIAT AUTOMÓVEIS que se instalaria, em 1977, na planta
industrial de Contagem, MG, contudo na prática esta participação acabou se
mostrando reduzida, uma vez que o produto desenvolvido pela FIAT já incorporava
fortemente a resposta neste segmento, sabendo-se ser a Itália um dos berços do
design industrial mundial.
Apesar
do cenário de reconhecimento do curso, (Decreto
Estadual n 36369/95
Curso Superior reconhecido pelo MEC ‑ Decreto 55068/64 CFE / Diário
Oficial de 16/02/1965), assim como de sua aplicação em diversos
segmentos, tanto privados quanto governamentais ( até a substituição do
Decreto-Lei 200 pela Lei 8666), a condição de reconhecimento profissional a
partir da formação de um conselho representativo inexiste, sendo esta uma
batalha de longuíssima data travada desde a formação da ESDI, tendo triste
desfecho no governo de Dilma Rousseff, cuja ação executiva, mesmo após
aprovação nas casas legislativas resultou em não provimento, sendo o projeto de
reconhecimento do Desenho Industrial refutado pelo executivo, ao qual cabe a
ação permissiva para tanto. O associativismo com os conselhos de engenharia e
arquitetura se revelaram inadequados desde os primeiros passos. Com isto a atividade
de design passa a ser delineada a partir de uma atividade de notório saber e
prática, ainda que para seu exercício formal haja a necessidade da diplomação
de nível universitário, contudo a inexistência de um conselho representativo
retira da atividade o seu alcance formal tanto quanto imputações legais.
Não
obstante, conta a atividade com entidades representativas e associações de
classe, tendo feito parte ainda de programas governamentais de fomento ao
produto brasileiro no final dos anos 90 e início dos anos 2000.
Muito
em razão deste cenário que se soma a um universo de baixo protagonismo
funcional da presença do design nos diversos segmentos da sociedade, o
entendimento da profissão no contexto de outras áreas de conhecimento acaba
prejudicada mais em acanhamento sobre o conhecer do que propriamente o
reconhecer, entretanto paradoxalmente está no design a origem e o resultado de
diversas soluções produtivas que contribuíram para, dentre outros elementos, a
redução de riscos de processo, ainda que o reverso da moeda exista, a partir de
uma visão incorreta e aventureira do design em mãos erradas, dentre aqueles que
buscam atrair oportunidades indevidas, valendo-se da inimputabilidade legal por
vezes e convencendo de boa fé setores produtivos, sendo esta condição,
felizmente, bastante rara, posto que apesar da intuição sobre o conceito de
design, sua prática exige uma bagagem que não pode ser "inventada" de
uma hora para outra.
Interessante
que é o design um instrumento que define caminhos que podem delinear soluções
de sucesso quanto de fracasso e neste leque temos o espectro de riscos cuja
análise é aquela que buscará dar a linha de toque entre o conceito de risco
entre produtos e seu desenvolvimento com o design, tendo no case em tela a
experimentação exata desta vivência, com boa sucessão de resultados.
Dado o elemento de análise sobre a atividade do design
industrial em razão da potencialidade de eventos associados aos chamados riscos
de projeto, temos um cenário que
permite uma perspectiva interativa temática posto que os riscos de per se são
um conjunto de eventos que podem ocorrer tanto pelo viés definido por perdas,
quanto por oportunidades e é interessante que não raramente percebe-se
"apenas" o contexto de oportunidades sob o design, não raramente
desprezando a potencialidade sobre perdas em razão sobretudo por conta de uma
incorreta percepção de somenos em torno dos resultados que envolvem o contexto
de toda a metodologia do desenho industrial.
Daí eis que, noção de risco, diversa por conceito, encontra na
metodologia Risk Mangement (sic) "a
atenção dirigida à ocorrência de eventos futuros, cujo resultado é
desconhecido, e com a forma de lidar com essa incerteza, a amplitude de
possíveis resultados. Inclui o planejamento, identificação e análise de áreas
de risco e o desenvolvimento de opções para lidar e controlar o risco.”.
Interessante observar que o campo do design industrial poderia
ser em contexto um verdadeiro campo de exploração para a análise contextual de
riscos quando se define o ordenamento projetual de origem e raíz,
considerando-se que o alcance nesta proposta não se encerra na análise
pós-design, mas pré-design tendo o design a ferramenta que justamente se
associa ao contexto analítico do risco para dele extrair a medida máxima da
oportunidade enquanto mapeia a medida mínima para o erro.
No case em abordagem eis que provou-se exatamente isto, uma vez
que foi o design o vetor para a verificação desta métrica em que o risco para a
oportunidade foi, primeiro, alinhada como meio de convencimento e construção do
conceito de sua aplicação em área dissociada de escol e de atuação ( somente no
Brasil) de ambas as linhas de abordagem (design / equipamentos pesados para
estradas de ferro).
REFERENCIAL
TEÓRICO
No contexto de
formação do design industrial como metodologia de planejamento para a delegação
de processos de produção em grau sequenciado, alguns cases permeiam a
referência de análise que permite a flexão de modelos relevados de boa
sucessão, embora associados a uma margem de risco efetivamente presente,
sobretudo no contexto de perdas.
Case Alpargatas -
calçado popular:
Reconhecidas de
longa data, as famosas "sandálias Havaianas" assim denominadas em
direta projeção a um dos mais famosos e icônicos arquipélagos americanos no
Pacífico, o estado do Hawaii, notabilizado por sua exuberância tropical e exotismo
festivo, a associação com os mesmos predicados de nossa terra em razão do
"eterno verão" com suas praias e gente descontraída, tal calçado
notabilizou-se por uma simplicidade assombrosa, tanto do ponto de vista fabril
quanto de usabilidade, a partir da conformação de um par de cortes planos de um
solado desenvolvido a partir de polímeros de borracha macia plana, com relevos
anti-derrapantes em ambas as faces. Para a fixação aos pés, uma tira em
"y" ligada a três pontos do solado, permitindo o encaixe dos dedos
sobre um dos pontos de fixação, evitando assim a perda do movimento e do
alinhamento do solado durante o movimento.
De custo baixo,
tanto para produção quanto para comercialização, as "Havaianas"
conforme conhecidas entraram literalmente na presença e na vida dos
brasileiros, redefinindo o conceito de "chinelo" ao mesmo tempo que
ganhavam as mais variadas funções e utilidades além calçado, que iam de
eficientes agentes exterminadores de insetos indesejados até aos ocaso de
instrumento corretivo em filhos desobedientes(!), os quais experimentavam na
fúria da chinelada a didática ação de seus pais, isto antes do estamento
totalitário definir até como esta educação familiar deve se dar.
De amplo
espectro, era utilizado por todas as castas sociais, ainda que sopesado aos
mais humildes ( até pelo custo do produto) a perspectiva de seu uso mais
constante, não raramente tornado o calçado definitivo de todos os dias, uma vez
que a durabilidade do produto era surpreendente, sendo apenas inutilizado em razão
do rompimento entre um dos fixadores do "y" no solado, condição que
costumava causar a perda imediata do conjunto.
A partir de uma
determinado ponto ( pós "even break point" ) a empresa experimentou
quedas em seu faturamento, razão nada rara em se tratando de manter
empreendimentos num país como o Brasil com variações históricas e constantes de
economia e comportamento.
No mais absoluto
resumo para este case, a percepção de que o produto que melhor a representava
estava estagnado pois em nada inovara em mais de 20 anos de existência, surge
uma perspectiva associada ao design: trazer ao produto um princípio de
variedade temática, o que exigiria investimentos elevados dado o grau de
intervenção proposta, pois o calçado deixaria de ser oferecido nos padrões tradicionais
de cor e variação ( absolutamente nenhuma a bem dizer, apenas em seu solado
branco com tiras verdes) para apresentar uma gama de elementos afim de atrair o
comprador para uma novidade de roupagem por assim dizer.
O grau de risco
revelou-se elevado, sobretudo pela dependência do humor e ânimo quanto ao
reconhecimento do comprador do valor final introduzido pela novidade que por
definição não representava nenhuma modificação do produto enquanto usabilidade,
ainda que neste quesito esta preservação pudesse representar também um risco,
fosse de permanência, fosse de mudança.
Na atribuição de
uma ação pelo design a proposta foi levada adiante e aquele que até então
representava um produto de referência
passou a ser um produto de desejo, alavancando o faturamento da empresa e assim
representando um RISCO DE OPORTUNIDADE para todo o empreendimento e o produto
em si.
Na atualidade, a
variedade de roupagens do produto criou, dentre outros vieses de interesse, a
figura do colecionador de "Havaianas" cujo interesse se define em ter
os modelos variados porque lançados, renovados em seu guarda-roupas.
Com isto o valor
agregado do produto superou em muito o original, trazendo a certos modelos o
conceito de raridade e de edição limitada, sem que isto inibisse o interesse no
desembolso de valores muitas vezes maiores do que o tradicional par de origem
de toda a história.
Case Swatch -
Relojoaria suíça
Com o advento dos
relógios digitais baseados em LCD (Liquid Crystal Display) de largo espectro,
lançados durante toda a década de 1970 e 1980 do século XX, aliou-se a qualidade da tecnologia da
precisão com a praticidade e baixo custo, além da durabilidade quase infinita.
Naqueles dias
mantinha-se, como na atualidade, o reconhecimento e a tradição da relojoaria suíça,
denotada por sua qualidade em precisão e durabilidade, quanto mais associada a
um status de valor de uso, além da valoração em si do produto ser de elevado
alcance. A poucos o luxo de poder possuir um autêntico "swiss made"
cuja mecânica não possuía nada menos do que a mais fina e precisa utilização de
materiais nobres, a partir dos famosos "mancais de rubi" feitos a
partir da gema preciosa que permitia a fabricação de elementos de baixíssimo
atrito e durabilidade para gerações.
Com o advento dos
relógios LCD tomados de pontuada sofisticação tecnológica a indústria
relojoeira tradicional suíça assistiu ao paradoxo de sua perda, apesar da
qualidade superior, ainda que associado no quesito econômico um forte
componente de determinação quanto à resposta qualidade vs durabilidade.
De modo lento,
porém, efetivo, chega-se a um ponto de inflexão, quando a perda de mercado
sugeriu ser a pá de cal definitiva na resposta do mercado ao tradicional item
suíço, sem ter como se manter apenas com seus fiéis clientes, estes, donos já
de peças "eternas", ou seja, sem que a troca e a movimentação
econômica se justificasse, salvo junto aos abastados e limitadíssimos
colecionadores.
Este foi o
cenário derradeiro dos anos 1990 quando uma empresa suíça, a SWATCH - SWISS WATCH
CO. fundada em 1983, simplesmente revoluciona o mercado com uma proposta
aparentemente simples mas de complexa realização: criar junto ao consumidor um
sentido de colecionismo sobre um item normalmente consumido a partir de
unidades: o relógio.
Trazendo em seu
bojo o conceito de superioridade da relojoaria suíça, que era por definição o
teto da busca de seu consumidor pelo produto, redimensionou todo o processo
fabril do conceito de relógio, criando modelos feitos com material de baixo
custo (polímeros) propositais de baixa duração em tempo de usabilidade e
convertidos à tecnologia digital, porém, no contexto de alimentação ( baterias)
e impulsionadores, mantido o aspecto vintage analógico de seu mostrador
(ponteiros) além do formato único, circular. Interessante que a "baixa
durabilidade" foi pensada para que o proprietário "abandonasse"
o relógio como tal, tornando-o peça de coleção, enquanto adquiria outro,
funcional, mas que em breve tempo se tornaria também item conjunto para a mesma
finalidade e assim por diante, fazendo-o um comprador compulsivo de um mesmo
produto.
O risco deste
passo foi monumental na medida descritiva, pois a marca com este passo poderia
simplesmente enterrar de vez a credibilidade de séculos de um produto
consolidado.
Como carro chefe
dos modelos, a Swatch investiu na variedade de elementos visuais conceituais,
que se apresentaram a partir de coleções
gigantescas, que abordavam uma gama de temas conhecidos e apreciados - de
reproduções de grandes obras de grandes pinturas a intervenções de artistas
contemporâneos, passando por coleções concretas como "aviões do
mundo", estampas tipológicas, cores variadas e combinações diversas.
O resultado desta
aventura foi o mais estrondoso sucesso, com replicações mundiais de suas
revendas e clientes ávidos pelas coleções e modelos em edições limitadas. Em
pouco tempo colecionadores verdadeiramente fanatizados pelos lançamentos se
degladiavam em leilões recém iniciados com a era da internet, não raramente
pagando fortunas por este ou aquele modelo que lhe faltava ou era raro, ainda
que sequer funcionasse... Por fim a
preocupação com o relógio suíço em sua funcionalidade estava colocado em
segunda posição - o que a Swatch fez foi desenvolver a necessidade do valor
agregado ao produto junto ao seu consumidor, que deixa de comprar relógio para
comprar CONCEITO. Em Belo Horizonte, uma
loja chamada "O francês voador" faturava alto neste contexto,
vendendo como água relógios que, mesmo sob o crivo da "simplicidade
fabril" não custavam menos de três dígitos e embora por unidade 100 vezes
mais baratos que seus similares de origem, coleções e lançamentos temáticos
ultrapassavam estes valores com real facilidade.
Assim a indústria
relojoeira suíça experimentou seu renascimento, a partir do investimento em uma
ferramenta que lhe deu este escopo: o design industrial.
Não resta dúvida
de que o elemento comum discursivo dos cases aqui focalizados tem na GESTÃO DE
RISCO a mais elaborada resposta, uma vez que em ambos os casos a decisão
tomada, ainda que estratificada em análises de mercado e comportamento, tinham
potencial para o desastre: tanto no caso dos calçados, quanto mais dos
relógios. No primeiro, a usabilidade era o que bastava, sem que se tivesse a perspectiva de que o seu usuário se
interessaria em investir além de suas necessidades e no segundo, a troca de um
conceito de qualidade por outro, sendo que um se consolidara por décadas e o
outro poderia ser o cadafalso deste mesmo conceito. Se a clareza das possibilidades parece
determinar que os dois exemplos não poderiam ter alçado os resultados que
obtiveram, então qual elemento tornou o risco de fracasso em risco de
oportunidade e crescimento? É a resposta a esta pergunta que esta tese pretende
pontuar: o senso de valor de ESTIMA que somente o DESIGN é capaz de traduzir.
Case Ativos
Ferroviários - Empresa do setor sucro-alcooleiro.
A produção resultante da indústria do açúcar e do álcool está presente em
vasta cadeia de consumo em todo o mundo. Modernamente tem traduzido busca da
auto-suficiência energética, através da utilização da biomassa. Por se tratar
de um granel agrícola beneficiado, as necessidades de racionalização ligadas ao
transporte são imperativas, revelando assim o segmento logístico que se deve
estruturar para atender a esta demanda. A
decisão sobre o melhor modo atuante nesta cadeia produtiva encontra no segmento
ferroviário um vetor de atendimento coerente com a natureza do produto.
Desta forma passam a contar com sua frota própria de ativos de transporte,
através da aquisição de bens de última geração e cuja identidade, passa a
incorporar os predicados de modernidade que as estradas de ferro representam em
todo o mundo.
Diante deste paradigma, o desenvolvimento de uma identidade visual
associativa a racionalização produtiva resultou no trabalho em tese.
Para a obtenção dos resultados estimados, etapas distintas de
desenvolvimento metodológico e de projeto foram aplicadas e como resultado
deste processo a metodologia do Desenho Industrial ( Design) para a fixação dos
elementos de identidade visual a partir de processos industriais definidos, ao
mesmo tempo em que trouxeram para a
resposta do segmento associado às soluções próprias do design os riscos sobre
os quais discorreremos ao longo deste trabalho.
O estudo de caso parte do modelo que foi desenvolvido pelo desenhista
industrial José Emílio de Castro Horta Buzelin natural de Belo
Horizonte, MG. Graduado Bacharel Desenhista Industrial pela Universidade do
Estado de Minas Gerais – UEMG, pela Escola de Design - consultor, pesquisador e escritor na área
ferroviária há mais de 30 anos.
Decidida a utilização de ativos ferroviários para o transporte de açúcar
granel, estabeleceu a Rumo Logística a aquisição de locomotivas de última
geração, diesel-elétricas e vagões especiais para o transporte de açúcar a
granel.
O objetivo da geração de alternativas é justamente
canalizar a linguagem traduzida em imagem, a partir de modelos que possam ser
discernidos durante o processo de escolha.
A LINGUAGEM de tradução neste processo tem na apresentação de desenhos-base elementos que representam nesta etapa os modelos
específicos do cliente.
A boa abordagem do design na solução dos
processos não é necessariamente o mais sofisticado, seja em sua apresentação ou
formulação. No meio profissional há recorrente engano sobre a incidência do
design nos processos de produção como algo que tangencia a sofisticação sob
critérios de elevado custeio, o que não resulta em verdade prática.
Neste desenvolvimento foram considerados os
elementos que constituem o universo ferroviário, tradutores diretos da
linguagem que define a modernidade ferroviária há décadas, mas sem perda do
foco que definem a essência daquele meio que está presente na imagem e no
imaginário.
Em 2009 a gestora do complexo investiu em uma nova assinatura para a sua
identidade visual e corporativa, seguindo o mesmo caminho suas empresas
coligadas (“holding”), que também receberam uma nova identidade institucional
A questão associada ao resultado obtido não esteve apenas no contexto de
valores tangíveis materiais e imateriais do processo. Desde a decisão de
associar o design a um segmento que usualmente o desconhecia e até ignorava de
ofício, a elevação dos riscos associados a um resultado impositivamente
negativo que ultrapassasse os valores de satisfação do cliente eram reais, com
reflexos imediatos em toda a cadeia de percepção de valores da empresa, podendo
afetar de investimentos ao negócio. Identidade corporativa tanto pode construir
como derrubar ativos empresariais por mais sólidos que se apresentem. O que se
vê, entretanto, sobejamente no Brasil é um recorrente e até irresponsável
distanciamento deste conceito que não raramente converte todo um trabalho
construtivo em pouco mais que nada, sem que ainda se perceba a verdadeira
natureza de tal circunstância.
O case mostrou-se bem sucedido, conquanto alinhado com uma série de
intercalações que acabaram representando uma grade de riscos sobre as quais
pretende-se apontar a partir desta experiência como direcionamento e fixação da
importância do design industrial em processos e cuja responsabilidade funcional
e conceitual exige a perspectiva profissional consolidada.
Do ponto de
partida do modelo apreciado na fase do “pré-briefing”, foi possível estabelecer
uma relação entre a imagem e o processo de criação do conceito.
Como fator de
linguagem visual, bem como a percepção da aplicabilidade técnica da proposta: Leveza
e simplicidade do padrão de pintura (paint-scheme)
sem perda da autoridade de imagem e firmeza da mensagem empresarial através da
identidade visual. Praticidade para a aplicação industrial do padrão
sugerido visando a menor relação homem-hora na aplicação do padrão.
A única
referência encontrada e relacionada com algum ativo ferroviário para a empresa
em seu Manual de Identidade Visual, elaborado em maio de 2009, de autoria de
Fabíola Marchesan Moura o chamado “Manual de Identidade Rumo Logística – Normas
de Uso da Marca”, em razão de sua nova identidade iconográfica, revela uma sugestão
de aplicação da marca Rumo, conforme transcrevemos a seguir.
Há notoriamente
uma “simplificação” com o tratamento visual em ativos ferroviários e seus
agregados correlatos, mas isto se explica dada a realidade recente dos
objetivos da empresa que foram significativamente mudados a partir do segundo
semestre do mesmo ano, quando os mesmos ativos ferroviários passam de
coadjuvantes a protagonistas.
Aplicação
do processo metodológico de produção do
Design
Industrial, com novos materiais, em vagões.
No final do ano de
O uso deste procedimento
foi inédito junto à carteira de clientes ferroviários, considerada a área e a
extensão de sua aplicação para um único lote (vagões), resultando em redução do
tempo fabril, otimização e racionalização do processo de finalização do
produto, redução da presença de poluentes químicos (solventes e tintas), além
da solução estética e funcional em relação aos demais processos tradicionais
(pintura).
Resultante da
aplicação da metodologia do design e
análise de processos através da cadeia de produção, a finalização fabril dos
vagões, ocorreu em razão dos resultados obtidos, tanto do ponto de vista
produtivo quanto conceitual.
Análise de
cenário
Com a incorporação de ativos
ferroviários em seu sistema logístico, a empresa
passou a contar diretamente com o modo ferroviário no atendimento de suas
atividades.
Com a atenção também dos clientes e investidores sobre o novo modelo buscou-se
o desenvolvimento de uma identidade visual associativa e consolidada ao modo
ferroviário, que agregasse os elementos visuais e de imagem a um resultado de
compromisso, qualidade e excelência pertinentes às expectativas empresariais
neste quesito.
Etapas distintas de desenvolvimento metodológico e de projeto foram
aplicadas e, como resultado deste processo, adveio o desenvolvimento do Manual
de Identidade Visual dos Ativos Ferroviários
Etapas de
processo, análise e aplicação da metodologia do Desenho Industrial na
finalização do ativo ferroviário
I - Identificação dos Ativos
Vagões tipo HOPPER, fechados,
com escotilhas de carregamento e descarga por gravidade ( identidade técnica do
ativo)
II - Briefing
Para o desenvolvimento da intervenção em design o resultado seguiu
algumas etapas do processo de desenvolvimento da programação visual e gráfica,
a partir da atuação da metodologia em Desenho Industrial. Para o estudo do
processo que resultou no padrão adotado, os quesitos levantados seguiram uma
lista de informações, resultantes do briefing,
com o reconhecimento dos elementos que associam a linguagem à imagem
empresarial do cliente.
Eis um modelo de levantamento.
Rumo
Logística / Cosan. Universo: setor
agro-industrial; Mercado: externo
(exportação); Foco: sucroalcooleiro;Objeto de produção em análise: açúcar
granel; Mobilidade da produção: transporte;
logística;Foco da mobilidade da
produção: modo ferroviário;
Objeto da mobilidade: ativos ferroviários (locomotivas e vagões); Interesse em análise: aplicação de
padrão de pintura dos ativos ferroviários. Empresas envolvidas: Rumo Logística Cosan; ALL -
América Latina Logística; Foco
empresarial: Rumo Logística; Coligação
da imagem empresarial: Cosan; ALL
- América Latina Logística; Policromia
institucional predominante: Rumo Logística;Destaque para a assinatura Rumo Logística;
Linguagem: tradicional com foco em modernidade; limpeza dos elementos de
imagem; Semântica: simplicidade; objetividade; rápida identificação da imagem /
marca; aderência institucional; sinergia da linguagem do padrão com a imagem da
empresa; arrojo; direcionamento; identidade logística; identidade vinculada com
o modo (ferrovia); inclusão de um slogan que envolva o conceito de energia e ou
identidade; aproveitamento energético; bioenergia; biomassa; meio ambiente; O
projeto de investimento em ativos ferroviários está contido na grade de
estratégia de mercado e de logística da Rumo Logística / Cosan, ocupando lugar
de destaque, sob a atenta observação de investidores estrangeiros.
III - Desenvolvimento do Caderno de Estudos / Geração de Alternativas
Representação gráfica
em formato de “sketch. Da geração de
alternativas houve a definição daquela que melhor traduzisse o elo entre os
interesses do cliente (empresa) e argumentação técnica sobre o projeto.
Canalizou-se a linguagem traduzida em imagem, a partir de modelos
discernidos durante o processo de escolha. A definição dos critérios adotados
balizou os resultados que seriam obtidos juntos aos demais ativos.
Análise
de risco
A empresa investiu no final dos
anos 2000 em uma nova assinatura para a sua identidade visual e corporativa. Ao
tomar por base a identidade os exercícios focalizaram como assinatura principal
a logomarca e o logotipo da empresa, elementos tais que foram explorados
conforme apresentados, pré-existentes, bem como a assinatura cromática (uso das
cores corporativas). Por se tratar do universo ferroviário, a aplicação dos
elementos de identidade buscou dar coerência com este segmento, sem perda da
identidade remetente à modernidade e leveza que são dois pontos imediatamente
perceptíveis na assinatura do cliente e de seus afiliados, pontos tais que
foram preservados e explorados neste processo.
A proposta de
desenvolvimento de uma identidade visual inédita, sinérgica com a identidade
institucional já existente, de forma mais elaborada e
convergente com o novo cenário da empresa, buscou através da metodologia de design, alcançar um critério de proximidade com a ferrovia,
que aliasse modernidade e, ao mesmo tempo, um sentido de pertença com o segmento. Entretanto a racionalidade
fabril também estava contemplada no contexto de resultados, uma vez que ela
representaria importante parte de fluxo de economia na escala de produção,
reduzindo assim o risco associado ao processo de custos ao mesmo tempo em que
traria ao mote do design esta importante demanda, porque a metodologia do
processo de design não visa unicamente o resultado ou o alcance estético, mas
como esta resultado se perfaz.
Contudo é
interessante observar que em nenhum momento do case de processo, a análise de
risco foi levantada, tanto pelo proponente quanto pelo beneficiário do projeto,
sem que, apesar de latentes e presentes, tais elementos de risco fossem
considerados desde o início.
(Desenhos acima): de cima
para baixo podemos observar os três estudos em relação às etapas distintas de
“Briefing” (estudos preliminares), “Protótipo” (estudos avançados) e “Seriado
Definitivo” (novos estudos avançados com modificações por reavaliação do
cliente). Redefinições foram necessárias em razão do detalhamento dos padrões
de assinatura da Cosan e da ALL, em conformidade com detalhamentos e
recomendações técnicas dos manuais de identidade visual e gráfica (estudo de
uso e normas de aplicação da marcas pré-existentes das empresas envolvidas. O
padrão aplicado no Protótipo foi
escolhido originalmente para ser adotado em Série pela Rumo Logística, com aceitação definida. O modelo em Briefing não chegou a ser adotado. Com
os elementos já lançados em planta e projeto, houve, entretanto, a solicitação
de um novo estudo, pela Cosan. O desafio foi atender às observações e
aspirações do cliente sem alterar as expectativas de escolha do padrão e, ao mesmo
tempo, a programação do fornecedor em relação à etapa fabril (provisão de
matéria-prima (tintas)), bem como a preparação dos demais elementos adesivos
(logotipias e logomarcas das assinaturas convergentes). Para o estudo serial,
que se tornou o padrão vigente dos ativos de material rodante, foi respeitado o
mesmo processo de aplicação e distribuição dos materiais. No processo de
desenvolvimento de projeto pelo Desenho Industrial, situações desta natureza
não são incomuns e podem ocorrer em fases distintas do projeto, de acordo com o
grau de intervenção, sem que se caracterize perda das etapas vencidas. “O design pela sua capacidade
multidisciplinar e transversal, fornece rápidas respostas por meio de produtos,
imagens e novas possibilidades de interação” (MORAES, D. in “Metaprojeto: o
design do design. Pg.20 - Ed. Blucher - 2010). Estudos do autor (car body
drawings – J Moldover-USA (sob autorização)).Resultou deste trabalho o
desenvolvimento e entrega do MANUAL DE IDENTIDADE VISUAL DOS ATIVOS FERROVIÁRIOS
DA RUMO LOGÍSTICA / COSAN (et BUZELIN, J.E.C.H. – 2010).
Uso de novos materiais a
partir da análise de projeto em Design
A
técnica de “plotagem”, que consiste
no jargão do segmento da indústria gráfica em imprimir imagens digitalmente
processadas e convertidas em superfícies compósitas de polímeros vinílicos
(plásticos), autocolantes, associados a adesivo de alto impacto e coesão, em
formatos planos diversos, conformados e cortados com precisão através das
chamadas “impressoras de faca”,
permite uma quase infinita gama de formatos e tamanhos, a partir de qualquer
desenho desenvolvido ou transferido para uma plataforma digital com precisão
matemática (algorítmicos), o que facilitou em muito o uso desta mídia em
grandes áreas, sem perda de qualidade, o que até poucos anos, se não
impossível, era impraticável, dado principalmente às limitações associadas à
tecnologia analógica de captura, transferência e impressão.
A
aplicação deste método não pontuou a necessidade de um mapeamento de riscos
quanto ao resultado fabril e de usabilidade, considerando tempo de
durabilidade, bastando-se unicamente a garantia de natureza do material em si,
porquanto sugerido pelo período de uma década.
A
nova geração de materiais poliméricos planos de baixa densidade, alto impacto e
em película de precisão (
A
análise sobre o que se conceituou por vantagens e desvantagens revela um aceno
que não se desdobra em uma análise mais detalhada dos riscos e que em certa
medida de tempo e uso, mostraram-se tangíveis para as desvantagens, embora de
saída apresentassem benefícios racionais.
Vantagens
consideradas:
permite quase ilimitada aplicação, em variedades, tons e posicionamentos;
diversidade de materiais e tipos; pode ser aplicado fora da planta industrial
(empresas de “plotagem” realizam este tipo de serviço no campo); reduz
significativamente, dependendo dos elementos gráficos de imagem e marca em
questão, o tempo de mobilização para a execução desta etapa fabril.
Desvantagens
estimadas:
dada à natureza da atividade ferroviária de carga, a “plotagem” tende a ter uma
vida útil reduzida; veículos ferroviários enfrentam intempéries climáticas em
extremos; o acúmulo de unidade (água) entre o polímero e a superfície pode
propiciar pontos de corrosão (aço-carbono); exigência de manutenção periódica
curta (imobilização do ativo ferroviário).
É
interessante observar que, do elenco de desvantagens associadas à análise do
processo, algumas, senão todas revelaram-se reduzidas mas somente por um
período de tempo igualmente pequeno e desproporcional ao tempo de uso de um
ativo desta natureza que costuma ter um horizonte não inferior a 30 anos.
-Vida útil:
sob o primeiro ano de uso, os elementos aplicados ainda oferecem boa
resistência, definição cromática e fixação.
-Integridade superficial:
a película dos adesivos poliméricos apresenta conformidade progressiva, ou
seja, por contato e superfície, acomodam-se com o tempo, tornando-se mais coesa
e uniforme, dificultando assim a retirada do filme e preservando a integridade
contra umidade. Elementos de proteção agregados à película contra a ação de
raios U.V. solares (que contribuem para o desbotamento cromático e degradação
da superfície), revelam-se eficazes, quando corretamente agregados.
Entretanto
a avaliação sobre intervenções a longo prazo, mostrou-se compensatória em
relação às perdas de durabilidade, contudo o risco de oportunidade pelo tempo
reduzido de início se tornou um fator de risco de perda por tempo delongado.
-Manutenção:
pelos resultados acima apresentados, a conservação revela-se consequentemente
racionalizada, uma vez que a integridade e vida útil revelam-se bem definidas
no contexto e dada natureza do processo e do material; as intervenções
repositórias - quando necessárias - mostram-se simplificadas e pontuais, não
exigindo a troca de conjunto, mas dos elementos componentes (letras, números,
logotipia, etc.), com mínima imobilização do ativo.
Custos e resultados
A
aplicação por vagão, dependendo do grau
de maior complexidade da superfície e bem como do padrão em uso, leva em
torno de quarenta minutos à uma hora e meia, no máximo (por unidade / equipe,
com apenas dois homens atuando, mais o resultado instantâneo (sem necessidade de cura). A pintura associada dos
mesmos elementos gráficos pode levar (estimativa) de duas a quatro horas (por
unidade / equipe, mobilizando até quatro homens, mais o tempo de cura
(secagem)). Portanto percebe-se que o beneficio, sobretudo em tempo por equipe,
reflete diretamente nos resultados de produção (seriada).
Os
custos de aplicação por peça podem ser estimados em torno de 0,01% do valor
total do ativo, representando também o aspecto econômico do valor agregado de
investimento. O maior valor fica por conta do uso de películas refletivas, caso
optado, fechando em 4:1 os valores
finais da matéria-prima em relação à película vinílica padrão (comum). (Fonte: Albany).
(Fotografia acima): aspecto final do vagão hopper
fechado, com revestimento, manga T, (HPT), com o layout concluído seriado, vendo-se
as assinaturas corporativas da Rumo Logística e
Cosan aplicadas com o uso de polímero vinílico adesivo policromático. O
material refletivo foi adotado apenas no barramento inferior, na faixa que
incide horizontalmente na base do quadro lateral. A opção do material refletivo
é viável, porém maior em relação aos custos. (2010).
(Fotografia abaixo): um retorno à fábrica para ajustes,
de uma pequena tabela de vagões seriados iniciais após alguns testes em campo,
revelou que alguns deles se submeteram a um estresse externo com marcas sobre a
pintura (estrias), provavelmente motivado pelo arrasto sobre vegetação densa e
intermediária ao gabarito da via durante o tráfego. É possível notar que,
apesar da pintura ter sido afetada, os elementos adesivos demonstraram boa
resistência mecânica, mantendo-se íntegros e comprovando assim a sua eficácia.
(2010).
ANÁLISE DE RISCOS
PROCESSO DE
DESIGN POR OPORTUNIDADE
. inibe atos de vandalismo
(pichação);
. destaca a imagem da empresa
além dos limites de sua identidade visual iconográfica;
. permite quase ilimitada
aplicação, em variedades, tons e posicionamentos;
. diversidade de materiais e
tipos de aplicação;
. pode ser aplicado fora da
planta industrial ( empresas de plotagem realizam este tipo de serviço no
campo).
PROCESSO
DE DESIGN POR PERDAS
. dada a natureza da atividade ferroviária, apesar dos
novos materiais mais resistentes, a plotagem tende a ter uma vida útil reduzida
quando comparada a vida útil do ativo;
. veículos ferroviários
enfrentam intempéries em extremos: frio, calor e umidade fazem parte do dia a
dia dos equipamentos. Tal condição contribui para o desgaste dos elementos
plotados;
. não havendo perfeita
integração entre a área de aplicação e a superfície, o acúmulo de unidade (
água) entre o painel e a chapa do vagão pode propiciar pontos de corrosão e
desgaste protetivo da pintura, uma vez que as superfícies contempladas são
essencialmente em aço-carbono.
. exigência de manutenção
periódica por curtos espaços de tempo, o que pode sugerir imobilização do ativo
ferroviário;
A questão da análise de risco e o design industrial: a ponte imaginária
entre um e outro - da percepção ao caminho.
A qualidade funcional da
atividade de design guarda características que o definem a partir de uma série
de valores em torno dos quais o contexto focado em parâmetros de resultados e
agregações traduzem o que de melhor se extrai da função. Por definição qualquer
atividade que tenha logrado a participação do design em seu processo se
beneficia positivamente, se nem tanto pelo tangível material, objetivo mestre
da resposta, ao menos por sua identidade imaterial, posto que a visão que se
tem do design se estratifica junto (...)ao belo, ao prático e ao correto(...) ( in "Paideia - O Homem Trágico, de
Sófocles ( por José Monir Meirelles Nasser, 2008).
Contudo quando extraída a
essência atingida por procedimentos tangíveis imateriais, o caminho guarda em
si os riscos próprios de sua realização.
Em suma no contexto,
poder-se-ia dizer que ao design se atribui o mérito do risco positivo ou de
oportunidades, como de fato, entretanto o risco de fracasso também deve ser
percebido, sobretudo em razão de uma profissão que, dada a latitude de sua
liberdade regulatória, uma vez que inexistem seus conselhos e tutelares,
permite o trânsito desde os mais competentes e compromissados até aqueles cujo entendimento
seja apenas com os benefícios potencias de uma falsa atitude.
Neste contexto ilustra com perfeição
uma análise do professor doutor e titular da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, o desenhista industrial Freddy Van Camp.
O professor Van Camp é um
pioneiro da Escola de Desenho Industrial, sendo formado pela primeira turma, de
1965, em 1968, da ESDI RJ e que atualmente compõe os quadros da UERJ.
Considerado um decano do ensino
de Design no Brasil, Van Camp foi um dedicado militante pela formação do
reconhecimento profissional do Design no Brasil, colocado à frente e com êxito
em todo o processo de regulamentação do design em e por anos, cujo resultado
foi jogado por terra na gestão governamental do Partido dos Trabalhadores à
frente da Presidência da República, no final da década de 2000. Um fato que em
muito o desmobilizou em diante em razão dos acontecimentos neste mister em
diante.
Na trajetória exata deste
esforço, tanto quanto em seus anos de docência, sempre cita um exemplo de
debate sobre a importância do design, uma vez não raramente pouco percebido
pela sociedade justamente por perfazer um julgamento de baixo risco sistêmico,
se comparado com a ação direta de profissões consolidadas.
De início a argumentação é bem
estruturada, pois ao cabo das ações profissionais, é tido o design industrial
aquele que, em menor condição, seria capaz de trazer males para quem dele se
vitimasse, ao contrário de um médico ao errar um procedimento clínico, um
engenheiro ao calcular mal uma estrutura, um advogado ao desconhecer da letra
legal ao defender seu cliente ou de um administrador que fosse leniente com o
negócio para o qual se dedicasse.
Porque, nos casos citados, a
potencialidade de perda de vidas humanas ou prejuízos irreparáveis permeiam
cada passo de risco ao lado dos profissionais de sua lavra. Ao design, errada e
mesquinhamente atribuído o valor meramente estético ou funcional a uma imagem
ou artefato, os prejuízos não passariam de um mal estar contornável.
De fato, poucas são as
intervenções em design que poderiam dar margem a erros potencialmente fatais,
embora um acontecimento tenha tomado contornos de gravidade neste sentido e
sobre ele um parêntesis.
Nada menos do que o filho pequeno do professor
doutor em Design Jairo José Drummond Câmara, ele que é um representante formal
da ABERGO - Associação Brasileira de Ergonomia e professor orientador do Centro
de Pesquisas em Design da Universidade do Estado de Minas Gerais - ED UEMG, foi
vítima de um acidente envolvendo uma cadeira plástica de fabricação da
TRAMONTINA, cuja estrutura colapsou com o peso de uma criança de 8 anos e com
pouco menos de 30 quilos, cisalhando uma das pernas em bisel durante a quebra,
transformando-a, portanto, em uma lança de plástico afiada. No ato do desmonte
e queda, a criança teve a perna trespassada pela lança formada pela quebra de
uma das pernas, sendo levada em urgência para um hospital razão pela qual teve
a artéria femural afetada, artéria esta que pode levar a óbito em poucos
minutos se maculada em corte e com estancamento sanguíneo de difícil solução.
Na "coincidência" entre
o acontecimento e seu protagonista, este resgatou a cadeira e foi até às
instâncias que a lei lhe permitiu, provando o erro de projeto da cadeira,
sobretudo PELA FALTA DE UMA ANÁLISE DE DESIGN adequada, uma vez que a empresa
fabricante não dispunha de qualquer profissional de ponta neste quesito, sendo
a estrutura da cadeira uma mera resposta em cópia de um cálculo estrutural de
aplicativos programáveis.
Indenizado pela falha, tendo o
filho fora de perigo e recuperado do acidente, ainda que mantida a
recalcitrância da empresa Tramontina em reconhecer a necessidade de ter um
designer em seus quadros, tanto que o modelo e desenho das cadeiras continua
perigosamente o mesmo... este "subcase" mostra bem o que o professor
Van Camp em suas análises em defesa da regulação profissional procurava
mostrar, não pela regulação em si que vá milagrosamente impedir erros, mas que
ela não era levada adiante JUSTAMENTE porque a sociedade não elencava riscos
capazes de justificar a necessidade.
O exemplo didático dado pelo
professor Van Camp era cristalino, a partir de uma análise de risco pautada em
uma condição - neste caso - ligado ao contexto profissional que permite a
existência de aventureiros em razão da ausência regulatória.
Pois tomado a partir deste
ponto de partida, cita o professor Van Camp
que na perspectiva de uma grande empresa contratar um designer para
desenvolver sua marca e identidade, este o faça levando o resultado de seu
trabalho, aprovado, ao mais completo contexto de finalização, autenticação,
modelo, papelaria, inscrição de marca, etc. o que resultaria em um
investimento, como resulta, de elevada monta.
Pois eis que num determinado momento alguém reclama aquela identidade ou
marca, porque de boa ou má fé, de fato não importará, a mesma já existe e tem
prerrogativa de posse.
Diante deste quadro, o cliente
assume todos os riscos e prejuízos, não podendo imputar ao profissional a sua
real responsabilidade sobre a questão.
Ora, diz professor Van Camp,
que tal cenário representa um risco tangível e material, sobretudo quando
muitos se aventuram a assumir em desavergonhada falsidade ideológica o que não
são ou se prepararam para ser, bastando para isto um pouco de habilidade para
lidar com um cliente por vezes desavisado ou desconhecedor para diferenciar um
designer formado de um oportunista de ocasião.
Ora, no exemplo didático temos
a hipérbole de uma situação relativamente hipotética porque não há quem possa
dizer que não aconteceu quanto afirmar que sim.
Na margem da questão o que
temos é que a atividade do design, malogrado o detalhe de sua regulamentação
inexistente como profissão e não como curso,
seja por sua procura ou mesmo pela ação interna de seus profissionais,
tratam a questão do risco unicamente dentro de seus limites de percepção funcional,
não se lidando ou discutindo os fatores de risco conforme o PMI estabelece na
condição de seu ordenamento e orientação. Daí a proposta que esta tese pretende
ancorar na contribuição de mais uma etapa funcional intracorporis da profissão
que amplie a percepção de sua importância e mérito.
O
denominador comum entre os cases apresentados da ALPARGATAS, SWATCH, TRAMONTINA
e o case de base sobre os ativos ferroviários na empresa COSAN RUMO, definem -se
pelo risco.
Conclusão
Este trabalho foi fundamentado no
processo metodológico do Desenho
Industrial - Projeto de Produto e nestas primeiras etapas, as propostas
passam agora para a fase de discussão. Os ativos ferroviários passaram a fazer
parte em destaque das atividades operacionais e logísticas das citadas empresas
em 2010 e desta forma a decisão em destinar a estes ativos e a eles agregar a
excelência da imagem institucional, reflete uma decisão acertada e coerente com
os melhores resultados obtidos, seguindo assim uma tendência mundial. No
empresariado, o reconhecimento da grade de contribuição grade do Desenho
Industrial ou design traduz uma
parcela importante destes valores, uma vez que a atividade em voga visa
realizar a interface entre os diversos segmentos produtivos, trazendo-lhes
distinção. As soluções trabalhadas pelo Desenhista Industrial estão
presentes em interface com a engenharia e a administração. O uso de novos
materiais no contexto de finalização dos ativos na etapa de padronização de
pintura e layout está associado aos
resultados imateriais traduzidos pela intervenção de um projeto a partir do
enfoque que o design é capaz de
inserir. Não como atividade periférica ou marginal de uma etapa fabril
eventualmente minimizada pelo significado associado ao contexto. Tal
interpretação, se considerada, encontra-se na contramão da atualidade
estratégica dos processos modernos de produção e das empresas, que buscam, em
um novo paradigma, definir um cenário de sucesso nos empreendimentos. Qualidade
há muito deixou de ser “total” para ser processual multifocal, como resultado
direto da interface de todos os processos, lineares ou não, tangíveis ou não.
Agregar valor a um produto - seja ele qual for - não se resume apenas ao que se
pode ser mensurado, mas também percebido e avaliado, através das ferramentas de
análise de projeto e metaprojeto* (*a
mais recente análise semântica sobre a atuação do design no sistema produtivo).
A
decisão em buscar no Desenho Industrial
(Industrial Design) uma ferramenta de
identidade, pertença e sinergia com o seu projeto empresarial e logístico,
trouxe aos seus ativos um diferencial capaz de definir uma nova realidade do
entendimento sobre o seu conceito de atuação e produção, trazendo ao conjunto
da obra a resposta positiva sobre os riscos assumidos, assim portanto
convertidos em oportunidade, tanto do ponto de vista estético quanto econômico,
de mercado, de identidade, de estima e de referência empresarial.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.
(....)
Iida, I., 1990,
Análise de Manejos e Controles. In Ergonomia,
Projeto e Produção by Edgard Blucher (eds.)
São Paulo, SP, Brasil, pp. 172-186.
Stiel,
W.,1984, “Summa Tranviariae
Brasiliensis” In História do Transporte
Urbano no Brasil by EBTU/PINI (eds.) Brasilia, DF, Brasil, pp. 33-49.
Canhh, E. and
Furmi, J., 1986, In “Sistema de
Informação em Terminais” by Revista dos Transportes Públicos - ANTP,ANTP,
São Paulo, SP, Brasil (eds.), v.32. jun. 1986,
pp. 53-75.
Belda, R., 1986,
In “Os caminhos do transporte coletivo na
America Latina” by Revista dos Transportes Públicos - ANTP, ANTP São Paulo,
SP (eds.) v.31. nov. 1986, pp. 53-7.
Gevert, T, 1973,
In “O transporte metro-ferroviário”
by Revista Ferroviária, EJT , Rio de Janeiro, RJ, Brasil (eds.) v.34, out.1973.
pp 36.
Fraenkel, B.,
1977, In “Evolução dos Transportes no
Brasil” by Revista Ferroviária, EJT, Rio de Janeiro, RJ, Brasil (eds.)
v.38, mar.1977, pp. 30-3.
Ferraz, H., 1976,
In “O transporte metropolitano sobre
trilhos” by Anuário das Estradas de Ferro do Brasil - Revista Ferroviária,
EJT, Rio de Janeiro, RJ, Brasil(eds.) pp. 184-91.
Nenhum comentário:
Postar um comentário